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Nas Alturas

Deixamos Puerto Maldonado logo cedo e nosso destino era Ollantaytambo, a 522 km, via Interoceânica Sur. Fazia bastante calor e resolvemos continuar com nossas jaquetas de verão, embora já com uma segunda pele sob as roupas, para garantir. O tempo estava um pouco nublado. Rodamos 140 quilômetros por estradas planas até começar a subida.

A ideia inicial era dormir em Marcapata, que fica a 1894 metros de altitude, para dar uma "aclimatada" no organismo. Mas uma forte chuva nos pegou na passagem pela Serra de Santa Rosa, no Km 687. A serra tem curvas muito acentuadas e com pouca visibilidade e começamos a nos preocupar com a enorme quantidade de desbarrancamentos, dos quais tivemos que nos desviar. Saímos encharcados da serra e chegamos a Mazuco onde, apesar de ainda cedo, resolvemos pernoitar.


Como parecia que a chuva iria persistir e não tínhamos a menor noção de como era o caminho, paramos ainda na hora do almoço sem querer arriscar ser surpreendido pela chuva na Cordilheira (a amostra na Santa Rosa já mostrara como seria) e ficamos no Hotel Buzios, que fica na beira da estrada.



Tive a oportunidade de conhecer e experimentar o delicioso choclo, um milho gigante peruano, muito tenro e delicioso. Seus grãos são maiores que um grão de bico cozido! Nas bancas próximas conheci o o milho de cor roxa, o maiz morado.


Aproveitei para comprar minhas pílulas contra mal das alturas (soroche). Me avisaram que ele pode se manifestar como falta de ar, tontura, enjoo e dor de cabeça e enfrentar grandes altitudes assim, nem pensar. Dizem que tem como comprar no Brasil, mas não sei onde. No Peru o remédio é vendido por unidade e, em Mazuco, custava cerca de 6 reais cada pílula. A soroche Pills é composta de aspirina, cafeína e mais uma substância que não sei pra que serve, que ajudam no combate aos sintomas. Passamos a tomar de 8 em 8 horas, como nos recomendou o farmacêutico.



Jantamos pollo al horno (frango assado) e de curiosidade experimentei a chicha morada, refresco peruano feito com maiz morado fervido com especiarias e frutas e depois adoçado a gosto.



​Achei interessante o preparo das comidas ser feito à porta do estabelecimento, o que depois vi que é comum no Peru. Mais curioso ainda foi entrar em uma "tienda" aberta para comprar biscoitos e esta, com todas as mercadorias expostas, não tinha quem atendesse. Os comerciantes vizinhos nos informarem que o dono estava trabalhando, por isso só poderia vender à noite. Tudo ao alcance das mãos, mas ninguém rouba. Que nem aqui (SQN).


No dia seguinte e com tempo firme voltamos para a estrada. No caminho, uma parada na cidade de Quince Mil para um café e alguns registros na praça, muito enfeitada.




Continuamos subindo... A estrada se mostrando mais desafiadora a cada quilômetro rodado. Chegamos a Marcapata e começamos a sentir a temperatura caindo drasticamente. A selva vai desaparecendo com a altitude. Estávamos chegando ao trecho de estrada com maior elevação em toda a Cordilheira dos Andes, com 4725m de altitude, o passo de Abra Pirhuhayani.

O céu começava a fechar de nuvens. Parada para colocar agasalhos, luvas térmicas por baixo e... ligeira tontura ao descer da moto! Até esse momento não havíamos sentido nenhum dos sintomas do soroche pois estávamos sobre as motos e os comprimidos com certeza ajudaram. Mas ao descer da moto sentimos que era difícil falar, caminhar e até mesmo o pensamento era lento. Mas a beleza do nevado Ausangate (6372 metros) lá no fundo compensava qualquer coisa que estivéssemos sentindo. Maravilhoso, deslumbrante! Nos sentimos tremendamente recompensados por viver até esse momento. Não há fotografia que registre tanta beleza!

Mais adiante, paramos novamente para admirar a paisagem no Mirador de Cuyuni, situado entre Cusco e Marcapata, próximo às montanhas de Ausangate e Pirhuayani. Dá vontade de parar a todo instante. A cada curva, outra paisagem linda!

Agora, nossa direção era Urcos e Ollantaytambo.



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