Dia de realizar o sonho de conhecer Machu Picchu: Deixamos as motos na garagem da pousada, tomamos café da manhã no Mercado Municipal (que abre as cinco da manhã) e descemos até a estação de Ollantaytambo para pegar o trem para Águas Calientes, o último povoado antes da subida para o sítio arqueológico. O nosso trem partiria às sete horas.
Viajamos pela Perurail no trem Vistadome. O trem é muito confortável, climatizado e tem janelas panorâmicas nas paredes e nos tetos dos vagões. A viagem leva pouco menos de duas horas com um charmoso serviço personalizado. Tem música ambiente (peruana, claro), banheiros em cada vagão e possui kit de emergência médica. Cada passageiro pode levar uma bagagem de mão (malas são despachadas) e os atendentes são bem treinados, sempre gentis e cordiais.
Nos serviram um brunch com bebidas não alcoólicas, empanado de quinoa e café. Também havia oferta de produtos típicos e lembranças à venda.
Mas o melhor da viagem é a paisagem que se observa das janelas. Montanhas, rios, vales e pequenas vilas vão surgindo ao longo do passeio. Plantações em escada, típicas de montanhas, trechos de matas muito verdes margeando os rios, estes com leito de pedras que a água vai arredondando. Tudo muito lindo, a gente fica sem saber para que lado olhar.
Chegando em Águas Calientes nos informamos onde comprar os ingressos para o parque arqueológico. A venda é feita em um departamento próximo à Plaza de Armas, do outro lado da cidade (que, ainda bem, não é tão grande). Enfrentamos uma fila de uns vinte minutos que não estava muito longa, mas o atendimento era lento.
Ingressos comprados, fomos procurar onde pegar o ônibus para a subida à cidade sagrada. Outra fila e um calor de respeito! Compramos a passagem de ida e volta e saímos dessa para a próxima fila, a do transporte, do outro lado da rua.
Entre Águas Calientes e Machu Picchu são 20 minutos de micro-ônibus (o único veículo permitido nas estradas que levam ao sítio arqueológico) por uma íngreme estradinha de terra em curvas à beira de barrancos profundos, os que sobem disputando espaço com aqueles que estão descendo.
Ao final da viagem, mais fila, agora para entrar no parque. Enfim, estávamos em Machu Picchu! Subidas e mais subidas para os pontos mais estratégicos para observar todo o complexo arquitetônico, suas construções e o relógio de sol.
A grande altitude (são mais de 2400 metros) e o calor cobravam seu preço: A cada 50 metros, uma parada obrigatória para descansar, fazer a pulsação cair um pouco e conseguir respirar mais ou menos normalmente. Agradeci mentalmente aos meus instrutores da Estação Fitness. Haja subida e degraus! Mas tudo é compensado pela beleza e magia do lugar.
Não fizemos o passeio com guia, mas tivemos um banho de informações sobre Machu Picchu com o dono da pousada em Ollantaytambo, pois ele trabalha também como guia turístico. Fizemos o passeio já bastante orientados pelas informações que ele nos deu.
Conhecida como a Cidade Perdida dos Incas, Machu Picchu não era um templo, embora as montanhas (por serem partes da terra próximas do céu) e o povo que ali vivia tenham sido considerados sagrados. A cidade fora um dos mais importantes centros urbanos da antiga civilização inca: Ali o povo quechua estudava a astronomia e o calendário, onde se identificava cada mês e época do ano, organizando a agricultura e rituais, sendo também um local de cerimônias sagradas.
As estruturas formam um complexo de templos, depósitos, casas e terraços irrigados que ocupa cerca de 40 hectares, com um perfeito sistema de drenagem que impediram o desabamento das estruturas.
A cidade foi toda construída com pedras pois Incas já sabiam que as pedras possuíam energias especiais. Foi erguida em pedra bruta pois assim a ação natureza, como o vento e a chuva, a transformaria em pedra polida com o tempo. Sábios, não?
Levei uma grande paixão comigo...rs #ladiesoftheroad
Depois de percorrer toda a extensão das ruínas por 3 horas num sobe-e-desce de altos degraus, voltamos para o ponto de ônibus para descer à cidade.
Em Águas Calientes fomos passear e conhecer a cidadezinha, encantadora com suas ruas estreitas, estátuas e restaurantes charmosos, encravada na base das montanhas e cortada pelo rio que dá o nome à cidade. A cidade parece uma torre de Babel: Todas as línguas ali se encontram, com turistas de toda parte do mundo.
Os restaurantes na Plaza de Armas são bem pitorescos, bem enfeitados e cheios de símbolos, estátuas e bonecos típicos.
Na Praça há uma igreja bonita de interior simples, com a imagem de "Taitacha Temblores", o Senor de los Temblores (senhor dos terremotos), uma representação do cristo de cor negra. Sua adoração teve origem em 1650, quando fiéis afirmaram que o Cristo negro os havia ajudado em um devastador terremoto ocorrido em Cusco.
Já havia sido avisada de comprar todas as comidas e bebidas que precisava em Ollantaytambo, pois ali em Águas Calientes a inflação turística é impressionante. Levei meus sanduíches e frutas e morri em oito soles em uma coca-cola pequena. Por uma garrafinha de água pagamos cinco soles! Lanchamos ali mesmo na Plaza de Armas.
O cansaço me venceu, e tirei até um rápido cochilo.
Linda!
Aproveitando que nosso retorno seria somente à noite, fomos conhecer a feira de artesanato da estação de trem. Ao atravessar a ponte, alguns cadeados presos à tela, como na ponte em Paris (mas não tantos). Seriam também "cadeados do amor?"
Lembranças compradas (motociclista tem a vantagem de não poder comprar muito por falta de espaço), fomos para um bistrô (Café Paris) em frente a estação onde além de chá de coca nos servimos de uma torta de mil folhas deliciosa, com café.
Na viagem de volta, Lanche com torta de alho poró e um desfile mostrando uma coleção de roupas de alpaca (os passageiros podem adquirir os produtos ali mesmo). Também houve um show ao vivo inspirado na cultura dos Andes. Agora, apreciar o show porque está escuro demais para ver a paisagem. Cansados, mas muito felizes!