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Fim da Viagem


Depois de descansar uma noite em Foz do Iguaçu, bateu aquela ansiedade de voltar para casa. Ainda queríamos passar em Ipiabas, Barra do Piraí, para ver os filhos por lá. Cortamos o Paraná sem problemas e nos dirigimos para Iaras, em São Paulo, onde temos hospedagem certa. O tempo estava firme mas, ao entrar em SP, tínhamos um temporal adiante. Aí fiz a maior besteira que um motociclista afoito pode fazer: resolvi continuar a viagem mesmo com mau tempo pela frente.


No início até deu pra encarar. Até que anoiteceu e o tempo fechou de vez. Raios, trovões e muita água. Eu só conseguia ver a lanterna de um caminhão na minha frente e aproveitei o rastro de seus pneus para pilotar sem aquaplanar; e o doido do Bueno me acompanhando... até chegarmos ao abrigo de um pedágio, onde ficamos aguardando o temporal passar. Faltava pouco para alcançarmos a Rodovia Castelo Branco e lá eram somente mais 70 km até Iaras. A chuva amainou, vamos embora. Ao entrar na Castelo Branco, mais chuva! Depois de 800 km chegamos ensopados mas inteiros na pousada de minha amiga Juvete. Foi como chegar em casa!


Continuamos no dia seguinte até Ipiabas, numa jornada de mais 700 km. Ali ficamos dois dias matando a saudade antes de pegar a estrada a caminho de casa. Agora faltavam só 580 km até chegar em casa e lamber o resto da cria.

Foram 15300 km percorridos, sem problemas ou panes. Praias, sertão, floresta e desertos. As vertiginosas subidas e descidas da Cordilheira e as retas infinitas dos desertos. Calor infernal, frio quase polar. Rodando em asfalto, terra, barro, pedras; sob sol escaldante, chuvisco e tempestades assustadoras; em alta velocidade e na lentidão dos engarrafamentos. Uma aventura maravilhosa.


Confesso que, com maior planejamento, nós teríamos aproveitado melhor alguns recantos que visitamos. Mas temos uma natureza muito romântica e aventureira e gostamos de ser surpreendidos. Gostamos do "old style", de viajar seguindo sol, estrelas e intuição e de "quebrar a cara" de vez em quando. De pedir informações mesmo quando temos certeza do caminho, para conseguir dois dedinhos de prosa. De conhecer a cultura e o povo além daquilo que é mostrado nos guias de turismo. De sermos surpreendidos pela natureza e mudar o rumo por achar que vai ser mais bonito. Queremos sentir gostos, cheiros, emoções...


Que venham as próximas viagens. Enquanto não vem, vamos curtindo as recordações dessa louca aventura.








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