Você pode querer dar um rolê até a cidade mais próxima em um bate-e-volta apenas pelo prazer de pilotar um pouco. Ou pode esticar um pouco a viagem, ficando um fim de semana em um lugar diferente. Ou, então, resolve fazer uma aventura maior, cruzando fronteiras e passando dias sobre a moto. Não importa. Sempre haverá alguém que vai cobrir você de perguntas sobre viajar de moto. Vamos responder, então... Mas quero esclarecer que essas respostas são pessoais, sem a intenção de representar a opinião de todos os motociclistas.
- Você não tem medo?
Essa é a mais clássica. Geralmente, a primeira que fazem quando virem você na moto, coberto de couro e com uma bagagem na garupa. Mas claro, gente... EU TENHO MEDO! E quem não? O medo é o "inimigo necessário" de qualquer pessoa - imprescindÃvel para se manter o alerta aos perigos. Sem ele, provavelmente eu não teria sobrevivido à primeira voltinha na moto. Mas é o medo natural, aquele do instinto básico de preservação. Li em algum lugar que dá é prazer essa mistura entre o medo e o alÃvio de saber que não há motivo para sentir medo.
- Como você aguenta o peso disso?
A motocicleta, quando parada, está em equilÃbrio instável, apoiada sobre as duas rodas. Nessa situação, as manobras e a elevação da moto são consequência de treino e alguns "macetes", que ajudam a diminuir a força contrária que o peso dela faz (um pouquinho de preparo fÃsico ajuda também). Mas, ao andar (mesmo em baixa velocidade) o peso é eliminado, passando a ser carregado pelo motor e o giro das rodas.
- Você não cansa?
Em geral, quem viaja com uma moto custom cansa menos, ou quase nada. É uma questão de ergonomia. Você viaja em uma posição confortável, com apoio nos pés (que podem mudar de posição) e a coluna ereta. No meu caso, a posição do guidão evita que haja sobrecarga nos braços, ombros e pescoço. Posso ficar muitas horas sobre ela sem cansaço fÃsico, embora siga a regra de paradas de alguns minutos para descanso de hora em hora, pois isso ajuda também na concentração.
- Como aguentam o calor com essa roupa toda?
Dependendo da região onde esteja pilotando, o calor pode ser desgastante sob o couro ou cordura. Enquanto em movimento o vento mantem a roupa e o corpo sob resfriamento e o calor não incomoda tanto. Lembrando que o couro é sua proteção contra lesões, vale a pena passar um pouco de calor. Hoje em dia existem tecidos tecnológicos mais leves (compostos com Kevlar) que prometem a proteção do couro ou da cordura com a mesma eficácia e menor calor. Ainda não experimentei.
- Motos não sofrem mais acidentes de trânsito?
Com certeza. É um dos mais vulneráveis veÃculos, só perdendo para as bicicletas nesse quesito. Não adianta pensar que estar em uma grande e barulhenta moto vai fazer com que todos os motoristas enxerguem você na estrada. A regra é manter-se sempre dentro do campo de visão do motorista e aguardar o momento certo para ultrapassar ou fazer qualquer outra manobra, sempre com a máxima segurança.
- Você não fica distraÃda com a paisagem?
Não. Para pilotar você tem que estar cem por cento concentrado. Mas isso não significa que vai estar tenso. Aproveito sim a paisagem, diminuindo a velocidade nos locais mais aprazÃveis e parando (em local seguro e não na pista, claro) quando quero admirar mais ou fotografar algum lugar.
- Qual a sua velocidade na estrada?
A velocidade compatÃvel com a pista.
- Gosta de pilotar em que horário?
Pela manhã é mais agradável. Muito cedo, porém, a atenção é redobrada pois os motoristas que passaram a noite dirigindo estão com muito sono e cansaço e reflexos diminuÃdos, aumentando o risco. À noite, só piloto em casos extremos. Se durante o dia já é difÃcil aos motoristas visualizarem uma moto, no escuro fica pior. E existe ainda o risco de animais cruzando a pista, buracos, etc.
- E se chover?
Molha, claro... Vestimos capas (confesso que odeio) ou, se for chuva muito intensa, procuramos abrigo e aguardamos passar. Em alguns casos nem ligamos, até gostamos de um pouquinho de chuva quando está muito calor.
- Você viaja sempre em grupo com outros motociclistas?
Geralmente, não. Como aposentada e viajando com o marido na mesma situação, temos liberdade de horário e trajeto. Isso complica para um grupo que tem que seguir regras por necessidade de cumpri-las em um tempo determinado. Nós dificilmente seguimos um planejamento sem alterá-lo antes do meio da viagem. Em uma delas alteramos o roteiro em mais de 2.000 quilômetros!
- E se a moto estragar ou furar um pneu?
Fazemos SEMPRE uma manutenção preventiva antes de QUALQUER viagem. Mas, se acaso ocorrer uma pane ou furar um pneu temos duas opções: usamos as ferramentas que carregamos (marido mecânico é tudo de bom) e tentamos solucionar nós mesmos (no caso do pneu, rezar para achar um borracheiro) ou acionamos o seguro.
- Como é ser mulher e pilotar?
Igual a ser homem e pilotar. Basta gostar! Claro que com um pouco mais de charme e brilho, um lencinho e algum batom...
E você? Fique a vontade para revelar quais as perguntas você mais responde!